Aliança entre Marina e Campos gera excitação no país
O jornal espanhol El País lançou em sua edição desta sexta-feira (11/10) uma pergunta sobre o rumo das eleições no Brasil: Nasce uma terceira via na política brasileira? A matéria aborda a união de Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos visando às eleições presidenciais de 2014. O texto faz uma análise dessa situação e traça um cenário sobre as eleições de 2014. Veja abaixo a matéria.
Basta dar uma olhada nos principais jornais ou na rádio ou na televisão para ver que no Brasil nasceu um fenômeno político com aliança inesperada entre a ambientalista Marina Silva e o Partido Socialista Brasileiro (PSB ) , do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
“Nasceu uma "terceira via" ? Essa é a pergunta que está no tabuleiro do jogo político que vem agitando o cenário político brasileiro.
No Brasil, embora sejam 32 partidos políticos, existe, de fato, dois partidos com mais de 30 anos: o Partido dos Trabalhadores (PT) , para a esquerda moderada , fundada pelo sindicalista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do Partido social Democrata brasileiro (PSDB ), o sociólogo e também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ambas as legendas têm dominado a cena política sempre confrontando uns aos outros, enquanto outros são feitos de acólitos.
Todas as tentativas de quebrar essa polarização e criar uma "terceira via" alternativa, sempre foram infrutíferas. Petistas e tucanos (como são chamados os membros de PT e PSDB) que sempre dominaram o xadrez político, tiveram o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB ) como curinga, que sempre escalou um cavalo vencedor . O PMDB governou com FHC e depois com Lula e agora com Dilma Rousseff.
Agora, dois partidos políticos se unem com a intenção declarada de "acabar com o bipartidarismo", tentando uma terceira via, que ainda não está totalmente esclarecida. "O Brasil não vai mal, mas pode fazer melhor ", é um dos slogans de Campos.
Ambas as partes: o PSB e Rede Sustentabilidade ( ainda aguardando aprovação oficial pela Justiça Eleitoral ) declararam o desejo de "acabar com a hegemonia do PT", que governou por 13 anos. Acontece, porém, que os dois partidos progressistas sempre estiveram sob a asa do carismático Lula da Silva. Ambos eram ministros escolhidos por Lula quando chegou ao poder. Campos sempre foi um dos líderes mimados por ele e Silva tinha fundado o PT sindicalista militante com ele há mais de 20 anos.
Por enquanto, a favorita ainda é Dilma Rousseff, de acordo com pesquisas recentes, tendo 38% das intenções de voto. A ambientalista rebelde tem 26% e Campos com 8%. A soma dos dois separados seria de 34 %, quase um empate com o presidente. A questão é saber se, agora juntos, eles acabariam perdendo os votos que têm para serem vistos por seus seguidores como "traidores" e essa mesma imagem perante seus respectivos eleitorados .
As premissas estão todas abertas e a surpresa Marina / Campos forçou o governo e os partidos da oposição e aliados a modificar todas as suas estratégias com vista à corrida presidencial de 2014. Até agora, mais de 60 deputados mudaram de partido. As apostas estão abertas.
Fonte: Jornal do Brasil 11/10/2013