Autor(es): DIEGO AMORIM
São Paulo – Enquanto a maior parte do comércio brasileiro chega ao fim do ano preocupada com as metas não atingidas e com uma ansiedade acima da média em relação às vendas do Natal, os empresários do e-commerce negam qualquer insinuação de crise e reafirmam a aposta no apetite de consumo dos brasileiros, mais endividados do que nunca.
A Black Friday, a sexta-feira de promoções, ideia importada dos Estados Unidos, virou no Brasil a data preferida da indústria de vendas on-line, que investe em ações mais agressivas do que as próprias lojas físicas. Somente o Walmart.com, por exemplo, pretende movimentar hoje mais de R$ 100 milhões, superando o dobro do resultado da empresa no evento de 2012.
Embora considere que o “e-commerce no Brasil ainda está na infância”, com uma série de dificuldades a serem superadas, sobretudo no âmbito da logística, o presidente do Walmart.com para a América Latina, Fernando Madeira, aponta os altos índices de conectividade do brasileiro e o “desejo brutal”, segundo ele, pelo consumo virtual.
Na opinião de Madeira, os recentes dados negativos do comércio — e que persistiram ao longo de 2013 — podem revelar, além do endividamento das famílias, a migração de parte dos consumidores para o e-commerce. Não à toa, a multinacional norte-americana espera aumentar em cinco vezes o faturamento com as vendas virtuais nos próximos três anos.
Entraves
O Walmart.com definiu o Brasil como sede da empresa na América Latina, ainda que, pondera Madeira, o país tenha graves problemas de infraestrutura que dificultam a entrega dos produtos. Para driblar esse desafio, a multinacional já inaugurou quatro centros de distribuição, e mais dois estão previstos para 2014.
Entraves regulatórios e a dificuldade em encontrar mão de obra especializada também são pontos que brecam o avanço do e-commerce no Brasil, acrescenta o presidente do Walmart.com no país, Flávio Dias. Apesar de todos os obstáculos, a indústria do comércio virtual prevê crescimento entre 25% e 30% nos próximos anos.
O repórter viajou a convite da Walmart.com
» Apetite maior
Influenciados pela onda norte-americana do Black Friday e seduzidos pela enxurrada de propagandas que prometem descontos verdadeiros, 45% dos internautas brasileiros têm disposição de gastar mais do que R$ 900 em compras virtuais neste dia de promoções. O dado é de uma pesquisa feita pela Walmart.com com mais de 3 mil pessoas. O gasto médio, hoje, no Brasil, com e-commerce é de R$ 500. Os itens mais procurados são eletrônicos, eletrodomésticos e celulares.
» Mais clareza
Para evitar constrangimentos como os ocorridos na Black Friday de 2012, os Procons orientaram as empresas a deixarem claro o histórico dos preços, definindo os descontos com base no valor médio dos 45 dias anteriores. No ano passado, a data comercial virou piada no Brasil, e os consumidores se revoltaram com os preços ditos em promoção. Expressões como “Black Fraude” e “Tudo pela metade do dobro” se espalharam pelas redes sociais.
Fonte: Correio Braziliense - 29/11/2013
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