DIRETORIA – GESTÃO 2023-2025

clique aqui para acessar

 

DIRETORIA – GESTÃO 2022-2026

clique aqui para acessar

 
 
 
 
 

Notícias

O trabalho no Natal... e depois

Autor(es): José Pastore

Durante as festas de fim de ano, o comércio sempre contrata um grande número de pessoas para trabalhar temporariamente. Neste ano, porém, a contratação está mais difícil. Há mais vagas do que candidatos. O que pode explicar esse fenômeno?

Em primeiro lugar, há que se considerar que pouca gente está desempregada. A taxa de desemprego está em tomo de 5%. Ou seja, 95% dos brasileiros que desejam trabalhar estão trabalhando. São poucas as pessoas disponíveis para ajudar as lojas nestas festas.

Em segundo lugar, lembro que no Brasil vem crescendo aceleradamente apopulação não economicamente ativa. São pessoas que, apesar de estarem na idade de trabalhar, não querem trabalhar. Muitos jovens estão ficando mais tempo na escola (o que é bom) e retardando a entrada no mercado de trabalho. Os idosos com mais de 60 anos, igualmente, estão parando de trabalhar atraídos por melhor aposentadoria e pelos programas sociais -Bolsa Família e outros. Nos últimos 12 meses, a parcela dos que não querem trabalhar cresceu 3,5%. Só em outubro, 650 mil pessoas se retiraram do mercado de trabalho. Não podemos esquecer também de que a população brasileira está crescendo mais deva-
gar, o que faz diminuir ainda mais a proporção dos que podem trabalhar, inclusive nas festas natalinas.

Em terceiro lugar, há que se considerar que o aumento da massa salarial e a elevação do padrão de consumo "convidam" muitas pessoas a trocar o trabalho por lazer. Ofereço um exemplo: a demanda por viagens aéreas em outubro subiu mais de 4% em relação ao ano anterior e deve subir ainda mais até o fim das férias escolares. Para essas pessoas, não há como convencê-las a trabalhar nas horas em que todos se divertem.

Finalmente, devo mencionar que a elevação da renda familiar dos últimos tempos deve ter reduzido o interesse ou a necessidade de rapazes e moças aceitarem empregos temporários no comércio e nos serviços. As famílias não necessitam do seu auxílio como necessitavam antigamente.

Conclusão: o mercado de trabalho no Brasil continua apertado. É verdade que a geração de empregos está desacelerando. Mas a quantidade de pessoas dispostas a trabalhar diminuiu muito. A taxa de participação no mercado de trabalho é de apenas 57% - nos países avançados ultrapassa os 70%.

Para as empresas sobra a dificuldade para recrutar funcionários - não apenas engenheiros, técnicos e especialistas, mas também pessoas menos qualificadas. Nos dias atuais, a lavoura de café se queixa de falta de braços para a colheita; os construtores ressentem a escassez de serventes de pedreiro; e as empresas de conservação e lim-
peza nâo conseguem contratar faxineiras. Aliás, as próprias donas de casa sabem o quanto está difícil conseguir uma empregada doméstica.

Já foi o tempo em que o Brasil era um país de mão de obra abundante e barata. Hoje, o trabalho é escasso e caro. Está se esgotando a passos largos o crescimento que durante décadas se baseou na adição de mais e mais trabalho no sistema produtivo. Daqui em diante, o Brasil terá de elevar substancialmente a eficiência das pessoas. Os salários e os benefícios não podem continuar descasados da produtividade. Os números são alarmantes: entre 1999 e 2011 os salários médios em termos nominais cresceram 9% ao ano (incluindo o salário mínimo), enquanto o crescimento da produtividade ficou em 0,6% ao ano. No mesmo período, a produtividade da China cresceu 8,2% ao ano. É uma diferença brutal. Mesmo com os salários chineses subindo, como estão hoje, o alto nível de produtividade garante àquele país uma competitividade invejável - o contrário do que ocorre no Brasil. Esse quadro precisa virar nos próximos anos. A melhoria da qualidade da educação é uma providência crucial. Os investimentos em infraestrutura, pesquisa e inovação vêm logo atrás. E isso não é programa para um mandato, e, sim, para duas gerações.

 Fonte: O Estado de S. Paulo - 17/12/2013


•  Voltar as Notícias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Federação dos Contabilistas nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia
Av. Presidente Vargas, 583 - Sala 220
CEP: 20071-003 - Centro - Rio de Janeiro / RJ
Fone: (21) 2220-4358 - E-mail: fedcont@fedcont.org.br
Funcionamento: Seg à Sex de 09h às 17h
Filiado a