A transmissão de cargo no Ministério da Educação (MEC), nesta segunda-feira à noite, foi marcada pelos discursos emocionados do ministro Aloizio Mercadante, que deixou o cargo para assumir a Casa Civil, e de seu substituto, José Henrique Paim Fernandes. Com voz embargada e um princípio de choro, ambos se emocionaram ao falar do MEC, diante de um auditório lotado.
Mercadante travou a voz ao dizer que sentirá saudade do Ministério da Educação e agradecer a todos os servidores do ministério. Ele chegou a parar de falar para tomar um gole d'água:
- Vou sentir saudade. Vou sentir saudade do MEC. Já sinto e sempre sentirei. Viva o MEC!
Paim quase foi às lágrimas ao falar da família. Após saudar autoridades presentes - nove ministros, além dele e Mercadante -, ele dirigiu-se à mulher e aos filhos, agradecendo por compreenderem suas ausências devido ao trabalho.
Paim, de 47 anos, não anunciou os nomes que vão compor sua equipe. Mas já se sabe que o atual presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Claudio Costa, assumirá a secretaria-executiva na vaga de Paim, que desde 2006 ocupava o cargo equivalente ao número dois da pasta. Para o lugar de Luiz Claudio, à frente do Inep, será chamado alguém de fora do ministério.
O novo ministro disse que a formação de professores, um dos pontos fracos do ensino brasileiro, será uma prioridade em sua gestão:
- Quero que o MEC pense 24 horas por dia em formação de professores.
Aplaudidíssimo pelos servidores, Paim fez jus à fama de técnico, afirmando que pretende representar os técnicos do ministério durante sua gestão. Disse também que manterá o hábito de convocar reuniões às 20h, mesmo nas sextas-feiras e até nos fins de semana. Logo ao levantar-se para discursar, brincou com a baixa estatura, ao ajustar o microfone:
- O microfone vai ter que baixar um pouco para mim - disse Paim.
Ao saudar o fundador da ONG Educafro, o frei David dos Santos, um militante do movimento negro, o novo ministro declarou que frei David representava "a comunidade afro":
- Da qual eu tenho orgulho de ser um representante aqui no Ministério da Educação - disse Paim, que se declara pardo.
Paim brincou com Mercadante, quando o agora recém-empossado ministro da Casa Civil afirmou que sentiria saudade do MEC:
- Quando tiver saudade, volte ao MEC, que nós vamos estar aqui trabalhando com o senhor. Eu, pelo menos, vou visitar muito a Casa Civil.
Mercadante disse que o maior legado que o governo Dilma deixará para a educação é a vinculação de royalties do petróleo para o ensino:
- Ainda falta muito, mas fizemos muito e fizemos bem. No governo da presidenta Dilma, a educação está no rumo certo - disse Mercadante.
Paim, que tem fama de bom gestor e de resolver problemas internos no MEC, mandou um recado para quem questiona sua capacidade de formulação de políticas educacionais:
- Tenho clareza da complexidade do processo educacional - disse ele, ciente de que os investimentos em educação produzem resultados a médio e longo prazo. - Renovo o compromisso de trabalhar todos os dias pela educação.
A solenidade começou às 19h e terminou depois das 20h, quando uma longa fila de cumprimentos se formou diante de Paim. Mercadante disse que só falará sobre a Casa Civil amanhã de manhã, após a transmissão de cargo no Palácio do Planalto, onde fica seu novo gabinete.
- Sobre educação, quem fala agora é o novo ministro Paim - concluiu Mercadante
Fonte: O Globo - 04.02.2014
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