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Desigualdade nos EUA acende alerta de milionários que temem uma revolta

As forquilhas vêm aí, atrás de nós plutocratas. Com esse título, o artigo deve ter chamado a atenção do público alvo: os milionários e bilionários dos Estados Unidos. Nick Hanauer, autor do texto com título nada sutil, é um deles. Um chamado plutocrata. Ganha uma fortuna, faz tempo, financiando ideias que ele percebe que serão bem-sucedidas. Um exemplo para não deixar dúvidas: ele foi o primeiro empresário que investiu na nascente Amazon, hoje a maior potência de vendas na internet que começou apenas com livros e já provocou o fechamento de várias livrarias do país.

Hanauer fez uma defesa contundente da necessidade de se atacar o maior problema dos Estados Unidos: a desigualdade. Mas não argumentou pelo lado da justiça social. Não apelou para o humanismo. Com certeza, conhece melhor o público alvo, os colegas endinheirados. Por isso mesmo começou logo dando alô aos demais representantes da exclusivíssima casta dos 0,01% mais ricos do país. Ele atiçou o medo. A possibilidade de que toda essa desigualdade provoque, como historicamente costuma provocar, uma rebelião. Uma explosão de insatisfeitos nas ruas dos Estados Unidos.

Me fez lembrar Richard Eskow, atual blogueiro e ex-funcionário de Wall Street na área de tecnologia. Leitor de Paulo Freire, em junho do ano passado ele perguntava: afinal, aonde está a revolta? , se referindo à aparente tranquilidade na superfície da sociedade norte-americana, apesar das dificuldades que a maioria da população enfrenta. Por telefone, Eskow descreveu um cenário preocupante. Um ano antes do artigo de Hanauer ser publicado na revista dirigida aos empresários e ricos, ele disse que a crescente concentração de renda nos Estados Unidos pode acabar em um movimento niilista, destrutivo, de desdobramentos imprevisíveis.

Eskow e Hanauer com certeza ocupam lugares bem distintos no espectro político-ideológico. Por isso mesmo chama a atenção o fato de estarem preocupados com o mesmo tema e com a mesma possibilidade: a briga violenta por mudanças no sistema. Foi por isso mesmo que agora Hanauer decidiu soar o alerta. Destacando as próprias qualidades de empresário bem sucedido porque foi capaz de ver um pouco adiante e um pouco mais rápido do que os outros, ele mirou no horizonte e viu o fim da situação privilegiada dele mesmo e dos colegas de classe. Hanauer foi direto ao coração do problema: a chamada política do trickle-down economics. O mantra adotado no governo Reagan, nos Estados Unidos, e na Grã-Bretanha de Margareth Thatcher, segundo o qual se a forma de bolo dos ricos crescer bastante, a massa acaba transbordando e pingando sobre a turma do andar de baixo, melhorando a situação dos que estão na pior.

Hanauer destacou que nos últimos 60 anos, o salário médio dos empresários era 30 vezes maior do que o dos trabalhadores. Hoje, é 500 vezes superior. Ou seja, o bolo cresceu um bocado para os do andar de cima. Mas a situação da maioria só piorou. E não adianta, diz ele, dar mais dinheiro a quem já tem tanto porque os ricos não vão consumir ainda mais do que já consumem. Não vão comprar mais carros, mais roupa, mais pares de sapato. O dinheiro vai para a poupança e para investimentos no mercado financeiro que não criam riquezas nem geram empregos. A primeira providência, defendeu, é aumentar o salário mínimo e transformá-lo em salário de vida e não salário de fome. Ao mesmo tempo, aumentar os impostos dos ricos para investir na educação e na infraestrutura do país.

O discurso de Hanauer não cai nada bem entre os colegas privilegiados. Ele foi convidado para apresentar as ideias em uma palestra do TED e, por motivo ignorado, a palestra não foi divulgada no site do TED na internet, como todas são. Ele não se deu por vencido. Agora, distribui artigos como o que acaba de publicar no politico.com e criou uma fundação chamada Rede do Verdadeiro Patriota para difundir as ideias que defende. Hanauer não usa subterfúgios. Ele deixa claro que está lutando pela própria sobrevivência e pela manutenção dos privilégios que tem hoje. Para o plutocrata bilionário, se a desigualdade continuar galopando como vem acontecendo há décadas, as consequências podem ser desastrosas. E ele já vê os primeiros sinais de problema, como destacou: Muitos de nossos compatriotas já começam a acreditar que o problema é o capitalismo em si. Eu discordo, e tenho certeza que você também. O capitalismo, quando bem administrado, é a melhor tecnologia social já inventada para criar prosperidade em sociedades humanas. Mas o capitalismo sem freios tende à concentração e ao colapso. Ele pode ser administrado para beneficiar uns poucos no curto prazo ou muitos no longo prazo. A tarefa da democracia é forçar a balança na direção do segundo. É por isso que o investimento na classe média funciona. E redução nos impostos para ricos como nós não. Equilibrar o poder entre os trabalhadores e os bilionários elevando o salário mínimo não é uma má ideia para o capitalismo. É uma ferramenta indispensável dos capitalistas inteligentes para tornar o capitalismo mais estável e sustentável. E ninguém tem mais interesse nisso do que nós zilionários.

Há um ano, quando Hanauer começou a falar de um salário mínimo de US$ 15,00 por hora (ele hoje está em US$ 7,25), a revista Forbes o chamou de louco. Mas Seattle, onde Hanauer mora, passou justamente os US$ 15,00 por hora que ele vem defendendo. Aqui, existe um patamar mínimo, estabelecido pelo governo federal. Mas estados e municípios podem adotar seus próprios mínimos. E para arrematar a conversa, o bilionário lembrou que as duas cidades do país que tem os salários mínimos mais elevados (Seattle e São Francisco) são justamente as que mais estão crescendo economicamente.

Para os que ainda não se convenceram da necessidade de mudança, ele usou um dos símbolos da Revolução Francesa: nós podemos relaxar, não fazer nada e curtir nossos yachts. E esperar pelas forquilhas.

Fonte:  Brasil Econômico /  Gestão sindical  -  30/06/2014  


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