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A argamassa dos Brics

 O Estado de S.Paulo

Pelo menos no papel, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul acabam de dar o primeiro passo para ir além de seu nascimento acidental em 2001, quando o então economista-chefe da financeira Goldman Sachs, Jim ONeill, cunhou a sigla Bric para designar os quatro mais promissores países emergentes. (Dez anos depois, os seus governos convidaram o de Pretória para se juntar a eles.) Reunidos em Fortaleza para a 6.ª cúpula do grupo - que até então pouco ou nada tinha feito para justificar a sua existência -, os presidentes Dilma Rousseff, Xi Jinping, Jacob Zuma, Vladimir Putin e o primeiro-ministro Narendra Modi emitiram uma caudalosa nota de 8 mil palavras, na versão em inglês, para qualificar a entidade como ator global, maior do que a soma de suas partes.

Nenhuma das questões da atualidade foi omitida - dos desequilíbrios da ordem econômica à crise ambiental, dos conflitos armados pelo mundo afora aos direitos reprodutivos das pessoas. E, para afinal fazer jus ao nome, anunciaram a construção de uma instituição financeira - o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, em inglês) e de um pronto-socorro para os sócios em apuros, o Arranjo Contingente de Reservas (CRA). Iniciativa do governo indiano, que indicará o seu primeiro presidente, e sediado em Xangai, que hoje se aproxima da City e de Wall Street em volume de recursos movimentados, o Banco não será nenhum BNDES, que é 15 vezes maior. É prova, porém, dos avanços incrementais obtidos para a efetivação do bloco. A contar de 2016, quando se espera que possa ser inaugurado com um capital de US$ 10 bilhões, dividido em parte iguais entre os acionistas, poderão transcorrer até sete anos para que o montante se multiplique por dez.

O foco do NDB será o financiamento de projetos de infraestrutura, dos parceiros em primeiro lugar, e, mais adiante, de outros países em desenvolvimento. Já o fundo de contingência terá US$ 100 bilhões em reservas. A parte que tocar a cada sócio - não especificada na Declaração de Fortaleza - só sairá dos erários nacionais quando um deles precisar da boia de salvação dos demais. Mesmo em condições normais, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul cobiçam os cofres chineses, mas em um sistema de freios e contrapesos para evitar que a segunda maior economia do globo - cujo PIB equivale a 70% do total da sociedade - os colonize. O tempo dirá se e como esse arranjo funcionará. Por ora, todos parecem satisfeitos com os resultados do encontro que terminou ontem, já em Brasília - o fato de o Brasil ter cedido na sua pretensão de ocupar a presidência inaugural do NDB foi o preço adequado a pagar pela institucionalização do bloco.

Os cinco chefes de Estado e governo se guardaram de arremessar tijolos nas vidraças das grandes potências. Embora denunciassem a "perda de legitimidade e eficácia" das chamadas instituições de Bretton Woods - o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial -, limitaram-se a pedir que passem por mudanças graduais. E assinalaram que o seu anunciado fundo de contingência "complementará arranjos internacionais existentes" - leia-se FMI. O russo Vladimir Putin obteve uma clara vitória com a decisão conjunta de ignorar as culpas de Moscou pela violência na Ucrânia. Os seus colegas preferiram uma sequência de lugares-comuns ao expressar preocupação com a crise, exortar as partes à moderação e à busca de uma solução pacífica.

É o vício prestando homenagem à virtude, na célebre definição do Duque de La Rochefoucauld. A China é uma ditadura que persegue os ativistas pela liberdade de expressão, quando não os condena a longos anos de cadeia. A Rússia é um Estado repressivo governado por um autocrata que fez carreira na KGB soviética. A Índia, demograficamente, é a maior democracia do mundo, mas o primeiro-ministro recém-eleito, Narendra Modi, carrega a acusação de ter sido no mínimo conivente com o massacre de 2 mil muçulmanos no Estado de Gujarat, quando o governava em 2002. Apenas o Brasil e África do Sul têm líderes à altura de suas democracias. Mas não se pode querer tudo.

Fonte:  Estadão  / Gestão Sindical - 17/07/2014


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