O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recomenda que em 2015 o governo, caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita, repita a política econômica de 2011, com um superávit fiscal maior para que o Banco Central possa reduzir a taxa Selic, hoje em 11% ao ano. Em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, Mantega disse que a política anticíclica, que levou à redução do superávit primário no pós-crise internacional, chegou ao fim. Assegurou que o Orçamento de 2015 será enviado ao Congresso no fim do mês com a meta de primário de 2% a 2,5% do PIB e não admitiu que a meta deste ano, de 1,9%, será descumprida.
Com a inflação próxima a zero (0,01%) em julho, "o Banco Central começou um processo de distensão na política monetária", disse, referindo-se ao recente desmonte das medidas macroprudenciais para melhorar a oferta de crédito à economia. "Mantida a inflação sob controle, e ela vai se manter, essa distensão deve se ampliar", previu, sempre lembrando que decisões de política monetária são da alçada do BC.
Assim como a presidente Dilma, o ministro identifica em indicadores antecedentes uma retomada da atividade econômica após a Copa e torce para que o segundo semestre seja melhor. Na próxima semana, o IBGE divulgará os dados do segundo trimestre. Sobre a possibilidade de o país já estar em recessão, Mantega disse que "a economia não se resume a isso; ela é um conjunto de dados". E afirmou que "a economia brasileira não está em crise". Ele argumenta que o mercado de trabalho está em pleno emprego, a massa salarial cresce e a bolsa teve alta de 24,27% em seis meses. "Bom, que raio de crise é essa?", perguntou.
Para ele, há problemas conjunturais que estão sendo enfrentados. "Mesmo em um ano eleitoral, os juros chegaram em seu patamar mais alto e, com outras medidas macroprudenciais, o crédito ficou muito restrito".
Mantega nega que o quadro fiscal seja de desorganização e sustenta que não há irregularidade no fato de bancos públicos estarem adiantando pagamentos de contas do Tesouro Nacional. "As nossas contas públicas estão absolutamente organizadas", afirmou.
Fonte: Valor Online / Gestão Sindical - 22/08/2014