Ana Marcelo Cherto: modelo preserva franquias da desaceleração da economia
Existe um consenso entre os especialistas de que apesar de não estar totalmente apartada do restante do varejo e, portando, também sofrer com o esfriamento da economia, o modelo de franquias, sobretudo o voltado para o setor de serviços - por conta do aquecimento de vários setores -, acabe sofrendo, por suas características, menos do que um varejista independente do mesmo ramo e do mesmo porte, já que conta com o apoio da empresa franqueadora e com a força da marca da própria rede. "Isso faz com que o mercado de franquia venha se mantendo razoavelmente estável e com o crescimento significativo em alguns setores", afirma Marcelo Cherto, presidente da Cherto Consultoria.
Segundo a ABF, os setores de "negócios, serviços e outros varejos" ficaram nos últimos anos com a maior fatia de faturamento do mercado de franquias, impulsionados, por exemplo, por mudanças na legislação, como no caso da lei, aprovada há cerca de um ano, que concedeu mais garantias de trabalho para os empregados domésticos, encarecendo o custo da mão de obra e aumentando a demanda por serviços de limpeza.
Especializada no agenciamento de trabalho doméstico, a rede de franquias Maria Brasileira começou as atividades no início de 2013 e já conta com 56 unidades em operação e 92 lojas comercializadas em 20 estados brasileiros - até o final de 2014, ela espera chegar a 100 unidades em operação e ao faturamento de R$ 15 milhões por ano. São 14 atividades em seu portfólio, como serviços de diarista, babá, cozinheira, cuidador de idosos, motorista, jardineiro, entre outros. A franquia oferece oportunidade de investimento a partir de R$ 45 mil, com previsão de retorno em até 18 meses. O faturamento médio por unidade é de R$ 25 mil.
Para Felipe Buranello, diretor de expansão da Maria Brasileira, a franquia virou referência no mercado por sempre buscar novas e criativas soluções, de acordo com o tipo de demanda. A franquia lançou recentemente o serviço "O Bom Vizinho", um profissional que irá todos os dias - em caso de viagem da família - recolher correspondências, varrer a frente do imóvel, apagar ou acender a luz para não demonstrar abandono do imóvel. Ao final de cada visita, o contratante recebe um SMS com informações do serviço e também sobre as condições de sua casa.
O mercado de limpeza no Brasil, que, segundo especialistas, movimenta mais de R$ 15 bilhões por ano e deve crescer 14% ao ano até 2016, impulsionado pela PEC das Domésticas, não atrai apenas investimento de pequenas e microfranquias. Gigantes do setor, como a Jani-King, a maior franquia de limpeza comercial do mundo, presente em 17 países, fez do Brasil o seu líder de mercado. "Evoluímos na esteira dos novos modelos de gestão que impulsionaram a terceirização dos serviços fora do negócio específico do empresário/executivo, das certificações de qualidade e das leis trabalhistas", afirma Christian Rojas, diretor regional da Jani-King Brasil.
Beneficiada pela expansão do setor automotivo, a Doutor Lubrifica, que presta serviço delivery de trocas de óleo e de filtros para veículos, surgiu de forma inusitada. O sócio-fundador Alexandre Loudrade, sem tempo e atenção para verificar a troca de óleo, terminou com o seu carro parado no meio de uma estrada com grande movimento, com o motor fundido pela ausência do óleo. Do drama nasceu a ideia de fundar a franquia.
Sediada em Taubaté, a Doutor Lubrifica tem a meta de fechar 2014 com 50 unidades pelo Brasil. Para Loudrade, cresce o número de pessoas que procuram comodidade e serviço de alta qualidade, o que explica a rápida expansão de seu negócio.
Fonte: Valor Online / Gestão Sindical – 27.08.2014
