A Odebrecht responde, no Brasil, a uma ação civil pública por supostos tráfico internacional de pessoas e submissão de trabalhadores a condições análogas à escravidão durante a construção da usina em Angola. A empresa nega as acusações.

Segundo o procurador Rafael de Araújo Gomes, do Ministério Público do Trabalho em Araraquara (SP), trabalhadores envolvidos na montagem da usina foram submetidos a "condições indignas" de trabalho, no que se refere a instalações sanitárias, áreas de convivência e alimentação.

Diz ainda que os trabalhadores recrutados foram vítimas de falsas promessas para fins de aliciamento, configurando "hipótese típica de tráfico de seres humanos".

Todos os trabalhadores envolvidos foram levados a Angola por empresas subcontratadas pela Odebrecht para a construção da usina, mas o MPT responsabiliza somente a Odebrecht pelos fatos e pede o pagamento de indenização de R$ 500 milhões.

A empresa nega as acusações. Segundo o diretor-geral da Biocom, Carlos Mathias, a companhia tinha autorização do governo brasileiro para expatriar os trabalhadores.

Ele admitiu problemas pontuais, mas rechaçou a situação descrita pelo procurador. "Não somos perfeitos, temos nossos erros. Mas nenhuma empresa se mantém com 3.000 pessoas numa obra nessas condições. Se tivéssemos essa situação, alguém ainda estaria aqui?"

Segundo ele, o procurador fez a denúncia sem ouvir a Odebrecht ou visitar o local.

A primeira audiência, na Justiça do Trabalho, está marcada para sexta-feira (5).

Fonte: Folha de S. Paulo Online / Gestão Sindical - 02/09/2014