São Paulo Após oito meses, as novas regras criadas pelo Banco Central (BC) para facilitar a portabilidade de crédito ainda não fizeram a modalidade deslanchar. A migração é feita quando o consumidor transfere uma dívida entre bancos em busca de taxas de juros mais atrativas.
As operações caíram 40% em 2014 em relação a 2013, apesar dos esforços do BC para facilitar os trâmites. As novas regras permitem, entre outros, a transferência eletrônica do crédito. Antes, era tudo feito via papelada.
O BC afirma que os bancos estão se esforçando mais para manter os clientes e por isso os registros engatinham. A instituição também pondera que uma mudança na metodologia de coleta de dados sobre portabilidade, de julho de 2014, influencia os números. Antes, outras operações eram erroneamente registradas como migração de crédito, afirma o BC. Por outro lado, muitos consumidores não conseguem levar a dívida para outra instituição e alegam burocracia extra. Há, por exemplo, resistência em fornecimento de informações pelo banco onde a dívida foi feita primeiro. Apenas em dezembro, 785 consumidores relataram dificuldades no processo de portabilidade - a principal fonte de queixas no mês, de acordo com ranking do BC.
Consignado
Além das indicações de que falta fôlego para a portabilidade decolar, as migrações de dívidaocorrem basicamente com o crédito consignado, normalmente uma linha com taxas já mais atrativas que a média do mercado. Financiamentos mais caros e longos, como os de imóvel ou veículo, quase não despertam interesse dos bancos. Para completar, o cenário de alta dos juros torna mais árdua a tarefa de conseguir uma proposta melhor.
"A portabilidade de crédito demorou para ser normatizada. Se estivesse em vigor em 2012, quando a taxa Selic estava na mínima histórica de 7,25%, os consumidores conseguiriam trocar seu crédito com mais facilidade. Agora, que o ciclo do juro se reverteu, não é um bom cenário", diz Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O juro básico da economia está em 11,75% ao ano. Nesta semana, o mercado financeiro aposta em mais uma alta da Selic.
Fonte: Diário do Nordeste - Fortaleza/CE - NEGÓCIOS - 19/01/2015 e Clipping Aserc