Ferreira, que comanda a Vale desde maio de 2011, é um frequente interlocutor da presidente Dilma Rousseff, com quem conversa sobre economia mundial O presidente da Vale, Murilo Ferreira, foi convidado a integrar o conselho de administração da Petrobras e é forte candidato a presidência do colegiado de conselheiros da estatal. A ideia original da direção da petroleira foi chamar Ferreira para ser conselheiro e não necessariamente para presidir o conselho. Ferreira, que está no exterior, não tinha respondido ao convite até ontem à noite. Fonte com conhecimento do assunto disse que "um convite como esse não se recusa". O novo presidente do conselho de administração da Petrobras, que substituirá o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, atual dirigente do colegiado da estatal, poderá ser escolhido entre os novos conselheiros da companhia. Em resposta a questionamento feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras informou no começo da noite de ontem que não havia sido informada pelo acionista controlador, a União, da intenção de alteração na composição do conselho de administração. Sete dos dez membros do colegiado de conselheiros da estatal foram indicados ou apoiados pelo acionista controlador. Em entrevista ao Valor em fevereiro, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que gostaria de ter um presidente de conselho dedicado à empresa, um "chairman", um profissional contratado no mercado. O governo vai substituir parte dos atuais conselheiros da petrolífera. No dia 27 de fevereiro, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, renunciou ao cargo de conselheiro. No mesmo dia, Luiz Navarro, consultor sênior no escritório Veirano Advogados, foi nomeado para a vaga. No mercado, a possibilidade de Ferreira assumir a presidência do conselho da companhia foi recebida com cautela: "Seria um grande nome", mas o atual momento político e econômico não é o mais adequado para um anúncio como esse, disse um analista de banco. Para ele, não se pode saber qual o impacto da nomeação agora, levando em conta "o caos econômico" e a crise institucional enfrentada pelo governo. O mineiro Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, 61 anos, fez praticamente toda sua carreira na mineração. Assumiu a presidência em maio de 2011, no lugar de Roger Agnelli, um dos mais longevos presidentes da Vale. Desde o início de sua gestão, Ferreira procurou focar a Vale nos principais negócios, vendendo ativos não prioritários, trabalho que ainda mantém. A queda nos preços do minério de ferro fará a Vale enfrentar dois anos difíceis, em 2015 e 2016, pois a empresa tem ainda muitos investimentos por fazer. Nesse cenário, Ferreira implementou uma política de austeridade, cortando custos e despesas. Ele é um executivo moderado, de fala mansa, com habilidade de se relacionar bem com diferentes grupos de interesses. Com a presidente Dilma Rousseff, Ferreira costuma conversar sobre economia mundial, dizem interlocutores próximos. A presença global da Vale levou o executivo a rodar o mundo, tornando-se um observador da cena política e econômica internacional. Apesar de os indicadores mostrarem desaceleração da China, principal cliente da Vale, ele tem mantido o otimismo com essa potência emergente. Como gestor, Ferreira prega a transparência nas relações dentro da empresa em todos os níveis para convencer empregados a aderirem a determinado projeto ou programa. Diz acreditar mais no poder de influência da empresa, do negócio em que está inserida, do que no poder isolado do presidente. Tem como uma referência no meio empresarial Antonio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, morto em 2014. (Colaborou Camila Maia, de São Paulo)

Fonte: Valor online - Quarta feira, 11 de março de 2015.