Ontem, o ministro Nelson Barbosa afirmou que o câmbio não está fora de controle e que o dólar tende a se estabilizar
São Paulo. Após bater R$ 3,28, o dólar comercial virou e encerrou a terça-feira (17) em baixa com exportadores aproveitando o patamar elevado da moeda para vendê-la e embolsar o lucro dos últimos dias. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou com queda de 0,46%, cotado a R$ 3,231, após operar em alta a maior parte do pregão. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,59%, a R$ 3,277, no maior patamar desde 2 de abril de 2003. A diferença na cotação se dá pelo horário de fechamento. O dólar à vista fecha antes do comercial.
O desempenho do dólar foi afetado por declarações do ministro Nelson Barbosa (Planejamento), que indicou que a moeda americana deve permanecer em patamares elevados, e também pela expectativa em torno da reunião que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) realizará nesta quarta-feira.
Para Tarcisio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista, a queda da moeda perto do fim do pregão foi motivada por um movimento de investidores embolsando lucro. "Exportadoras aproveitaram o momento e entrou uma oferta de dólar, o que fez a moeda recuar um pouco", afirma. Mais cedo, o dólar subiu influenciado por fatores internos, principalmente pelas declarações do ministro Nelson Barbosa, afirma Sidnei Nehme, economista e presidente da NGO Corretora. "A ausência do Banco Central preocupa, pois emite sinais confusos. Todos falam pelo BC: o Joaquim Levy (Fazenda) falou ontem, o Barbosa falou ontem. O BC precisava demonstrar que está no comando", avalia.
Sob controle
Ontem, o ministro do Planejamento afirmou que o câmbio não está fora de controle e que o dólar tende a se estabilizar, mas em um patamar mais alto.
Ainda conforme Nelson Barbosa, "no regime de câmbio flutuante, o governo não tem muito o que fazer". "O governo não tem meta para taxa de câmbio", completou. Barbosa defendeu a atuação do BC no mercado para evitar disparadas agressivas. De acordo com o ministro, o BC "procurou atenuar ajuste de câmbio por meio de swap".
Exterior
Dados ruins de construção nos Estados Unidos também ajudaram a conter a alta da moeda americana em relação a outras divisas no mundo. Das 24 principais moedas emergentes, 14 se valorizaram em relação ao dólar. No encontro do BC americano de hoje, a expectativa é que a presidente do Fed, Janet Yellen, mude o tom do discurso e sinalize quando pretende iniciar a elevação da taxa de juros do país.
Bolsa tem maior alta diária em dois meses
São Paulo. A Bolsa descolou do exterior e registrou, ontem (17), a maior alta diária em mais de dois meses, ajudada pela forte valorização das ações da Petrobras e da Vale. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 2,94%, aos 50.285 pontos. Foi a maior valorização diária do índice desde 7 de janeiro deste ano. Das 68 ações negociadas, 62 subiram e seis caíram. O volume financeiro no dia foi de quase R$ 7,2 bilhões, acima do giro médio diário no ano (R$ 6,6 bilhões).
O dia foi marcado por notícias que impulsionaram os papéis da Vale e da Petrobras. Os papéis preferenciais da Vale fecharam em alta de 4,63%, a R$ 17,19, enquanto as ações ordinárias subiram 5,19%, a R$ 19,88.
O dia começou ruim para a Petrobras, mas as ações da estatal conseguiram subir mais de 5% com a notícia de que a empresa pode se desfazer de parte de seu patrimônio, incluindo usinas termelétricas.
As ações preferenciais - mais negociadas e sem direito a voto- fecharam em alta de 5,08%, a R$ 8,89. Os papéis ordinários - com direito a voto- subiram 5,58%, para R$ 8,71.
Fonte: Diário do Nordeste - Quarta feira, 18 de março de 2015.