Um déficit recorde no caixa do Tesouro e a disparada das despesas com juros da divida publica, ambos em fevereiro, derrubaram os resultados do ajuste fiscal conduzido pelo ministro Joaquim Levy.
A despeito da contenção de gastos imposta pela equipe econômica, concentrada nas obras de infraestrutura, as contas do governo fecharam o bimestre com números piores que os do mesmo período de 2014.
A maior decepção veio da administração federal. As despesas do mês passado com pessoal, programas sociais, custeio e investimentos superaram as receitas em R$ 7,4 bilhões.
Trata-se do pior desempenho ja apurado em fevereiro pelo Tesouro, que calcula seus saldos pela atual metodologia desde 1997.
O mercado esperava um saldo ligeiramente positivo, em torno de R$ 200 milhões, segundo o Itaú Unibanco. Com isso, o ceticismo quanto ao cumprimento das metas fixadas para o ano tende a se fortalecer.
A principal causa do rombo mensal foi a expansão de despesas com benefícios sociais, que foram represados ou adiados ao longo do ano passado artifício que ficou conhecido como "pedalada".
Já as receitas sofreram o impacto da prostração da economia. O Tesouro só não fechou o bimestre com déficit graças a uma arrecadação de R$ 4,6 bilhões, decorrente de uma união entre empresas cujos nomes não foram revelados.
Houve boa ajuda, ainda, dos Estados e municípios, que pouparam nos dois primeiros meses do ano R$ 15,7 bilhões para o abatimento da divida publica.
Não foi o bastante, porem, para conter a escalada da divida, que saltou de 64,4%, em janeiro, para 65,5% do PIB esses percentuais serão revisados para baixo devido a mudanças no calculo do PIB.
A alta e consequência de um montante inusitado de despesas financeiras. Em fevereiro, houve um gasto extra de R$ 27,3 bilhões o equivalente a um ano de Bolsa Família na tentativa de conter a alta do dólar.
A perda, recorde, foi contabilizada em operações nas quais o BC ofereceu uma espécie de seguro ao mercado contra a valorização da moeda americana. Como ela disparou, o BC ficou com o prejuízo.
Incluídos na conta os encargos com juros, o setor publico fechou o bimestre com déficit de 7,3% do PIB. Mesmo após a revisão, o percentual será o maior medido pela atual metodologia do final de 2002 para cá.
Fonte: Folha de S. Paulo Online - Quarta feira, 01 de abril de 2015.