A economia brasileira pode iniciar um processo de retomada de crescimento no terceiro ou no quarto trimestre deste ano, "mas num ritmo bem reduzido", prevê o economista-chefe do banco Credit Suisse no Brasil, Nilson Teixeira. Segundo ele, embora setores do governo entendam que a recuperação pode começar já neste segundo trimestre, isto é "possível", mas não "muito provável". Para o executivo, a retomada pode ocorrer a partir do segundo semestre, porque os fatores que contaminaram o desempenho até agora já terão sido parcialmente absorvidos ou descartados, como o aumento dos preços da energia, os riscos de racionamento e a ameaça de redução do rating do país. Mesmo assim, o banco mantém as projeções de retração de 1,3% no PIB brasileiro em 2015 e alta de apenas 0,8% em 2016. Teixeira também afirmou que é "muito prematuro" falar em tendência de desaceleração da inflação a partir da estimativa, divulgada ontem pelo boletim Focus, de IPCA acumulado de 8,13% em 2015, ante 8,2% na semana anterior. Foi a primeira redução na projeção em 14 semanas, mas o Credit Suisse mantém a estimativa de 8,5% para o acumulado deste ano, disse o executivo, que participou, em Porto Alegre, da abertura do Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE). Para o economista, a permanência da inflação em patamares elevados durante um longo período torna mais difícil o recuo do índice em 2016, mesmo com o aumento da taxa de desemprego. Por isso, o banco segue com a projeção de IPCA de 6,5% em 2016, acima das previsões médias do mercado e do Banco Central. Segundo Teixeira, o nível de preços se mantém elevado no país porque "historicamente" o aumento de impostos tem peso maior do que a redução de gastos do governo nos processos de ajuste fiscal. Ele reconheceu que a atual equipe econômica tem limites para escolher a melhor "composição" do ajuste, mas lembrou que as escolhas têm consequências que "não se restringem a este ano".
Fonte: Valor Online - Terça feira, 14 de abril de 2015.