O avanço da taxa básica de juros trouxe bons frutos para a BB Seguridade, holding de empresas de seguros do Banco do Brasil. O robusto resultado financeiro fez com que o lucro líquido nos três primeiros meses do ano somasse R$ 949 milhões, o que representou crescimento de 46% sobre igual período do ano passado. Um desempenho bem acima da expansão que a companhia espera para este ano, de 12% a 21%, e superior ao que esperavam analistas. "Neste momento, o gigante de seguridade se move na direção de bater seu próprio guidance para o ano", escrevem os analistas do Credit Suisse, em relatório para investidores. Os analistas chamaram atenção para a "sólida" performance da Brasilprev - unidade de previdência do grupo - e para os resultados financeiros "acima do esperado". O lucro líquido foi 4% superior ao que esperava o banco suíço. O resultado financeiro da holding cresceu 95,9% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, somando R$ 4,686 milhões. "O resultado financeiro deve continuar forte, não só pelo aumento da taxa Selic, mas também pelo maior volume de reservas que as empresas do grupo estão fazendo", afirmou Werner Suffert, diretor financeiro e de relações com investidores da BB Seguridade. "Dada a curva de juros, o suporte dado pelo resultado financeiro deve continuar [neste ano], trazendo resistência à lucratividade", escrevem os analistas Goldman Sachs. Eles também notam que os resultados operacionais da companhia conseguiram resistir ao ciclo econômico ruim do trimestre. O resultado animou investidores e as ações da companhia encerraram o pregão de ontem na BM&FBovespa com valorização de 0,78%. O índice Ibovespa, principal referência do mercado acionário local, terminou o dia com perdas de 0,32%. Se o avanço do lucro foi superior às expectativas, nas linhas de seguros de vida, prestamista e rural as receitas cresceram em ritmo inferior ao previsto, pelo menos no primeiro trimestre. No primeiro trimestre, os prêmios emitidos pela unidade de seguros de vida e rural da BB Seguridade (BB Mapfre SH1) tiveram retração de 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 1,54 bilhão. O desempenho previsto pela seguradora para 2015 é de aumento entre 15% e 21%. Suffert atribuiu o resultado do trimestre ao desempenho do seguro rural. A explicação é que, em igual período de 2014, uma linha de crédito dedicada ao pré-custeio da safra agrícola ajudou a antecipar a demanda pelas apólices da modalidade. Neste ano, contudo, essa linha não foi lançada nos mesmos modelos, conta o executivo, o que prejudica a comparação. "Olhando na visão do ano, o segundo semestre tende a trazer esse desempenho para um patamar mais normalizado", afirmou. O executivo afirmou que a BB Seguridade deve esperar os resultados do segundo trimestre, um dos períodos mais fortes do ano para a companhia, antes de fazer qualquer revisão em guidances dados ao mercado. Isso vale também para a meta definida para o crescimento das reservas de PGBL e VGBL na Brasilprev neste ano, que está entre 27% e 36%. O desempenho trimestral foi mais favorável, com expansão de 40,8%. "Há um upside nesse desempenho, mas precisamos esperar o segundo trimestre e ver se ele se mantém", diz Suffert. Ao olhar o desempenho por unidades de negócios, a principal contribuição para o resultado da holding veio da BB Cor, a corretora do grupo, que teve um lucro líquido de R$ 354 milhões no trimestre. Depois vem a BB Mapfre SH1, com lucro de R$ 294 milhões e a Brasilprev, com R$ 165 milhões em resultado. Na unidade de seguros de vida e rural, a BB Seguridade registrou queda no índice de sinistralidade, de 37,5% para 32,8% na comparação anual. Esse indicador mede a relação entre as receitas e as indenizações pagas pela seguradora e quanto menor, melhor. Já na unidade de seguros patrimoniais, o índice subiu de 55,7% para 59,5% na mesma comparação.
Fonte: Valor Online - Sexta feira, 08 de maio de 2015.
