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Com baixa da poupança, financiamento da habitação volta ao debate

No fim de abril, a Caixa reduziu pela segunda vez no ano o percentual financiado para imóveis usados com dinheiro feita pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. A mudança baixou de 80% para 50% de empréstimo para usados. Ou seja, o mutuário que conseguia financiar até 90% no começo do ano só conseguirá emprestar do banco 50% do valor total do imóvel. 

Segundo nota divulgada pela Caixa na ocasião, a decisão foi tomada porque o banco pretende ter foco neste ano nos empréstimos para imóveis novos, especialmente para habitação popular do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e recursos do FGTS. Mas, mesmo com o posicionamento do banco, duas possibilidades foram ventiladas por parte do mercado: uma de que os recursos da poupança (que são utilizadas pelo sistema bancário para financiar o mercado de habitação) e a outra de que o governo, por meio do banco estatal, poderia tentar facilitar a venda de imóveis novos, para tentar diminuir o nível de estoque que só em São Paulo é da ordem de 27 mil unidades neste ano, quando na mesma época do ano passado o estoque era de 17 mil unidades.

O balanço da caderneta de poupança divulgado na quinta-feira (7) mostra que o estoque desse investimento no País somou R$ 648,3 bilhões em abril, mas com saldo negativo entre saques e depósitos em todos os meses deste ano as retiradas ultrapassaram os depósitos em R$ 29,1 bilhões até o momento, segundo dados do Banco Central. 

Retirada em massa de recursos da poupança podem ser motivo de mudanças de financiamentos na Caixa

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), pondera que há um conjunto de variáveis que levam ao momento atual, de mudança nos financiamentos. Há um cenário macroeconômico difícil, com atenção principal à questão do endividamento das famílias. Elas estão utilizando a poupança para pagar dívidas, ou manter as contas em dia. Devemos lembrar que, em momentos recentes, tivemos perda de atratividade da poupança que não levaram a saques dessa ordem. Há uma questão que tem relação com a conjuntura, alta do desemprego e queda de renda. Isso deixa os bancos mais receosos em conceder empréstimos pela a tendência de alta da inadimplência. Os recursos estão sendo retidos."

Neste contexto, Ana Maria avalia que a conjuntura atual traz de volta a discussão de que o financiamento da poupança não é suficiente para nossas demandas habitacionais. "O ritmo de concessão de crédito já vinha crescendo acima da captação. Agora inverteu isso. Essa discussão fica comprometida com a elevação da taxa de juros, que competem com Tesouro Direto, e fica difícil ganhar rentabilidade. Mas é preciso ponderar sobre os recursos habitacionais."

No primeiro trimestre deste ano, 68% dos financiamentos imobiliários do total do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) foram feitos com recursos da poupança, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Esse percentual era idêntico no mesmo período de 2010, depois subiu para 70% (2011), 69% (2012), 72% (2013) e 71% no ano passado.  

Para Ronaldo Cury, vice-presidente de Habitação Popular do Sinduscon-SP, a mudança no percentual de financiamento está ligada ao nível da poupança. Não tem nada a ver com estímulo ao mercado de novos. A atitude da Caixa é reflexo da falta de poupança, pois os saques [que têm superados os depósitos seguidamente] neste ano tornaram inviável a utilização desses recursos para o sistema habitacional, tanto para o cliente final [mutuário] como para o apoio à produção [construtoras]. Agora, o setor produtivo também terá de buscar recursos nos outros bancos, o que vai encarecer toda a cadeia, pois os juros das Caixa são os menores, mas estão mais limitados.

Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (ANEFAC), entre as razões para a série de alterações da Caixa, estão a queda na arrecadação da poupança em abril, os saques da poupança superam os depósitos em R$ 11 bilhões, pior saldo em 20 anos as perdas da Petrobras. "A Caixa não admite, mas está financiando a Petrobras nessa dificuldade e precisa de recurso para outras linhas de crédito. Mas essa restrição tem muito a ver com a redução da arrecadação dos depósitos da poupança: com menos dinheiro entrando, tem menos dinheiro para financiamentos", afirma Oliveira.

Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, alega que a poupança vem perdendo peso e importância relativa. Por isso vamos ter o grande desafio de encontrar outras formas de funding [financiamento] e, certamente, o Bradesco vai continuar olhando para esse mercado de crédito imobiliário porque ele é muito importante. É por meio do crédito imobiliário, em grande parte, que você fideliza os clientes. Você fica com esse cliente durante 10, 15, 20 anos. Então, certamente, todos os bancos privados estão olhando o que acontecerá com o crédito, de olho na Caixa [medidas tomadas recentemente pelo banco, de aumentar juros e diminuir percentual de financiamento para imóveis usados], ressalta.

O economista acredita ainda que devem surgir novos concorrentes de crédito porque o momento atual é muito confuso para o setor de construção civil. O setor  está bastante sensível ainda com toda essa desaceleração da economia. Minha intuição é que vamos encontrar alguma maneira para que programas como o Minha Casa, Minha Vida sejam preservados. Eles são muito importantes para o Brasil, avalia Barros.

A título de comparação, dados do Ministério das Cidades apontam gastos R$ 241,3 bilhões em todo País de que de 2009 até 2014, o programa Minha Casa, Minha Vida investiu. Do saldo das cadernetas de poupança em abril, R$ 510,116 bilhões pertencem ao SBPE e R$ 138,192 bilhões, à poupança rural.

Fonte:  IG - Economia - Terça feira, 12 de maio de 2015.


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