O dólar subiu ontem frente ao real, acompanhando o movimento no exterior. Preocupações com a negociação da dívida da Grécia ajudaram a aumentar a cautela nos mercados. Investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed (Fomc) na quarta-feira, que poderá trazer novas sinalizações sobre os próximos passos do banco central dos EUA no processo de normalização de sua política monetária. O dólar comercial subiu 0,69%, e encerrou a R$ 3,0171. Para analistas, a acomodação da moeda no mercado local perto do patamar de R$ 3 é sustentada principalmente pelo cenário menos nebuloso para o ajuste fiscal no Brasil, mas também pela perspectiva de uma postergação da alta de juros nos Estados Unidos. Contudo, há uma resistência para a moeda romper o piso de baixa de R$ 3, com os investidores vendo a possibilidade de o Banco Central reduzir ainda mais o volume da rolagem dos contratos de swap cambial que estão vencendo se o câmbio ficar abaixo desse patamar. A autoridade monetária tem aproveitado a redução da volatilidade do câmbio para reduzir o estoque em swaps cambiais que está próximo de US$ 113 bilhões e sinalizou a possibilidade de rolagem parcial do lote desses contratos que vence em junho. Ontem a autoridade monetária renovou mais 8.100 contratos. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC deverá rolar US$ 7,695 bilhões do lote de US$ 9,656 bilhões que vence em junho. Assim, a expectativa é que o real volte a perder terreno ao longo do ano. O J.P. Morgan, por exemplo, vê o dólar em março de 2016 a R$ 3,25. Já o Morgan Stanley prevê que o dólar fechará março de 2016 cotado a R$ 3,70. A preocupação com um possível calote da Grécia contribuiu para reduzir o apetite por ativos de maior risco ontem, com os investidores migrando para os títulos do Tesouro americano (Treasuries), o que se reflete na alta das taxas desses papéis. A Grécia está com dificuldade para fechar um acordo com seus credores para o recebimento dos ? 7,2 bilhões restantes do programa de resgate financeiro atual, que irá expirar no fim de junho. Autoridades do governo grego e da Europa afirmaram que a Grécia provavelmente será incapaz de pagar suas dívidas e outras contas em junho sem uma injeção de capital dos credores. O mercado ainda passou ontem por um ajuste, refletindo a queda do dólar na semana passada diante de indicadores econômicos mais fracos da economia americana. No mercado de câmbio internacional, o dólar subiu 1,3% frente ao euro, para US$ 1,1306 - a maior alta desde 19 de março. A ata do Fomc, a ser conhecida amanhã, pode dar outra tônica ao mercado de câmbio, dependendo das sinalizações que traga.
Fonte: Valor Online - Terça feira, 19 de maio de 2015.
