Os preços ao consumidor tiveram a menor alta desde janeiro na China no mês passado, em mais um sinal de que o crescimento econômico do país está perdendo força. O IPC desacelerou para 1,2% em maio, em relação ao mesmo período de 2014, depois de uma alta de 1,5% em abril, segundo mostram dados divulgados pelo governo ontem. Economistas previam um aumento de 1,3%. A leitura está abaixo da meta de Pequim de "cerca de 3%" para este ano e é também o menor nível desde o ponto mais baixo em cinco anos registrado em janeiro, quando o IPC encolheu para 0,8%. Julian Evans-Pritchard, que cobre a China para a Capital Economics em Cingapura, disse ontem que uma queda na inflação dos preços dos alimentos, motivada pelos custos globais menores dos alimentos e da energia, foi a responsável por grande parte da queda da inflação total. Os alimentos respondem por cerca de um terço do IPC na China e a inflação anualizada não relacionada aos alimentos aumentou de 0,9% em abril para 1% em maio. "As preocupações com a deflação provavelmente eram exageradas", disse Evans-Pritchard. "Vimos uma recuperação gradual nos últimos meses e as pressões sobre os preços estão aumentando juntamente com a estabilização dos preços globais das commodities." Shuang Ding, economista do Standard Chartered para a China, disse que o país não deverá alcançar a meta para a inflação dos preços ao consumidor neste ano, mas isso "é quase irrelevante" para o governo. "Ele está menos preocupado com o nível da inflação do que com a estabilização da economia neste ano", disse. Enquanto isso, os preços ao produtor caíram pelo 39º mês consecutivo: 4,6% em relação a maio do ano passado. A leitura está abaixo dos -4% há cinco meses seguidos e a tendência não dá sinais de reversão. A queda sustentada dos preços ao produtor reflete a crise no mercado imobiliário da China, que registra um excesso de oferta de materiais usados durante o boom do mercado. "O excesso de oferta de produtos industriais como aço, vidro e cimento está derrubando os preços", disse a Moodys Analytics em nota. "Os custos mais baixos da energia também estão reduzindo os custos das fábricas. Isso deverá continuar até a recuperação do ciclo de investimentos, que não deverá ocorrer antes do fim do ano. O afrouxamento monetário está apenas começando a ser sentido na economia real."
Fonte: Valor Online - Quarta feira, 10 de junho de 2015.