O pagamento de dívidas do consumidor brasileiro registrou queda de 9,7% em maio, na comparação com o mês anterior, de acordo com indicador da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) obtido a partir da quantidade de exclusões dos registros de inadimplência.

A série de dados, que recebe ajustes sazonais, apontou ainda que no acumulado do ano, período que compreende janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2014, o pagamento de dívidas caiu 1,7%.

Já na análise que compara maio de 2015 a maio de 2014, a queda foi de 1,1%. Na comparação de longo prazo, acumulada em 12 meses, o indicador registrou queda de 3,3%.

De acordo com o economista da Boa Vista SCPC Flavio Calife, a queda registrada no pagamento de dívidas do consumidor reflete, além da menor intensidade do ritmo de concessões de empréstimos, uma maior deterioração das variáveis macroeconômicas. "Também há outros fatores, como desaquecimento do mercado de trabalho, inflação em níveis elevados e aumento dos juros. Esses fatores impactam diretamente nos orçamentos familiares", explica.

O detalhamento da pesquisa mostra ainda que na comparação dos dados mensais houve queda generalizada nas regiões. A região Norte foi a que mais caiu, registrando resultado negativo de -12,2%, Centro-Oeste ficou em segundo lugar, com -10,9%, Nordeste apareceu em seguida com -9,7%. Sul e Sudeste ficaram nas últimas posições, ao atingirem quedas de 9,6% e 9,4%, respectivamente.

O indicador que considera o pagamento de dívidas em específico no setor varejista registrou alta de 2,8% na comparação mensal de maio contra abril. Enquanto na comparação de maio de 2015 contra maio de 2014, houve queda de 16,6%. No acumulado do ano, a queda foi ainda maior, atingindo -17%. O detalhamento do indicador por regiões mostrou que a Norte caiu 5,6%, Nordeste cresceu 5,0%, Sudeste subiu 3,7%, Sul elevou 1,7%, e Centro-Oeste somou 0,5%.

Para Flavio Calife, o cenário de queda do indicador de pagamentos deve continuar caindo nos próximos meses. "Apesar do mercado de crédito ainda permanecer com um bom desempenho se comparado com os demais indicadores macroeconômicos, o pagamento de dívidas do consumidor dificilmente retornará a um patamar positivo em 2015, e deve fechar o ano com uma queda de 2%, na comparação com 2014", conclui.

Fonte:  Brasil Econômico - Quinta feira, 18 de junho de 2015.