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Grécia ruma para saída furtiva do euro se cúpula de hoje não der em nada

Admiro o senso de humor de Alexis Tsipras. Ao substituir Yanis Varoufakis por Euclid Tsakalotos no cargo de ministro das Finanças, o primeiro-ministro grego trocou um economista supostamente marxista formado na Universidade de Essex por um economista supostamente marxista formado em Oxford. Poucos veem a mudança como motivo para otimismo.

O que sabemos sobre Tsakalotos é que ele é um negociador duro, defensor do alívio da dívida, assim como seu antecessor e o próprio Tsipras. O obstáculo fundamental impedindo um acordo, portanto, segue sem solução: a Grécia continua a dizer "não" ao antigo acordo, e a Alemanha, a dizer "não" a qualquer outra coisa. Os alemães, é claro, não substituíram o seu ministro das Finanças ontem. Ao contrário, o mantiveram e reafirmaram sua posição de que, no momento, não há base para acordo.

Um novo acordo entre Grécia e seus credores exigiria a ocorrência simultânea de uma série de mudanças nos próximos dias. Para começar, os gregos teriam de aceitar um programa de austeridade e reformas estruturais muito similar ao que rejeitaram no referendo. E os alemães teriam de aceitar um alívio das dívidas. Quanto aos gregos, um acordo poderia ser mais fácil agora que Varoufakis se foi. Quando se compara a oferta final dos credores, rejeitada pelos eleitores gregos, com a oferta final de Atenas, é difícil perceber quais as verdadeiras diferenças. Se todos quisessem chegar a um acordo, tenho certeza de que seria possível ajustar-se a algum arremedo de consenso. E vendê-lo em casa.

O problema é que não tenho certeza de que todos os credores - em especial, a Alemanha - ainda querem um acordo. Em Berlim, fortalece-se nos círculos oficiais a crença de que não é mais possível alcançar um acordo com um governo liderado por Tsipras. Algumas das declarações mais agressivas vieram do Partido Social-Democrata, parceiro de Merkel na coalizão de governo e até recentemente uma influência moderada na política alemã. O partido agora é uma das principais forças a favor da "Grexit" (termo que indica a saída da Grécia do euro), pois vê a oportunidade de demarcar para si um território político populista.

Há muitos alemães genuinamente torcendo pela saída da Grécia, alheios aos ? 87 bilhões em perdas estimadas só para a Alemanha. O consenso em Berlim é que os gregos decidiram cometer um suicídio econômico. Quando Tsipras voltou ontem com uma proposta de novas negociações, Merkel resignou-se a ter de ouvi-lo polidamente na cúpula da zona do euro hoje à noite. As conversas em Berlim, contudo, não giram em torno a concessões, mas em como organizar o alívio humanitário pós-saída da Grécia. A ideia de que a Grécia vai continuar no euro é considerada um tanto incomum.

A estratégia grega é dividir os credores. Isso provavelmente é o melhor que podem fazer, embora não seja grande coisa, já que um acordo exige unanimidade. Mas ao menos acabaria com o isolamento político da Grécia. Paris e Roma parecem mais dispostos do que Berlim a reabrir negociação.

Se um grande pacote não for viável, uma alternativa poderia ser um acordo para reestruturar o sistema bancário grego; e nada mais. Infelizmente, a única instituição com capacidade financeira de concretizar um acordo do tipo seria o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM), que administraria um programa comum de empréstimos. Qualquer acordo com o ESM, grande ou pequeno, exigiria aprovação unânime de seus membros e não consigo imaginar a Alemanha aprovando um acordo exclusivo para os bancos enquanto o governo grego continuasse a deixar de pagar os seus credores oficiais.

Outra opção é considerar um acordo multilateral exclusivo para os bancos. Itália e França poderiam liderar uma coalizão de países dispostos a recapitalizar o sistema bancário grego para que os controles de capital sejam levantados. Depois, os gregos poderiam começar a deixar de pagar seus credores oficiais. Não tenho evidências de que François Holande e Matteo Renzi, líderes de França e Itália, estejam dispostos a assumir riscos financeiros e políticos dão grandes. E nenhum deles quer iniciar uma disputa política com a Alemanha.

Minha conclusão geral é que se a Grécia realmente for sair do euro, isso vai acontecer furtivamente. Certo dia, o governo Tsipras introduzirá um instrumento de liquidez denominado em euros. Se o sistema bancário se deteriorar mais, o governo terá de imprimir tantas dessas novas promissórias, que elas serão trocadas nem mercado paralelo com algum desconto. Em algum momento, o banco central controlará a oferta dessa moeda paralela. Ela pode nunca se tornar a moeda oficial, mas, se não houver euros suficientes em circulação, se tornará a moeda de fato.

Em outras palavras, a "Grexit" é o que temos como rumo atual. É o que vai acontecer se o encontro de hoje à noite não romper o agonizante impasse atual.

Fonte:  Valor Online - Terça feira, 07 de julho de 2015.


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