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Real volta a atrair atenção de investidores

A trajetória de baixa do real parece ter deixado para trás os anos de ganho fácil com "carry trade" - as operações em que o investidor toma recursos em países com juros mais baixos e aplica em mercados com taxas mais altas. Mas a Selic na casa de dois dígitos e a chance de uma depreciação mais branda da moeda brasileira de agora em diante podem tornar algumas dessas operações atrativas novamente - desta vez com euros.

Quem aplicou em reais recursos tomados em dólares, ienes e euros - três das moedas que mais costumam ser utilizadas para financiar operações de arbitragem com taxas de juros -, ainda acumula perdas contábeis neste ano: de cerca de 9% nas operações financiadas em dólares e ienes e de cerca de 3% nas financiadas em euros. Esse prejuízo decorre basicamente da forte depreciação da moeda brasileira em relação a essas divisas.

Mas, tomando como base expectativas de desvalorização mais suave do real até o fim do ano e o aumento da Selic, a arbitragem pode voltar a dar lucros. Considerando, por exemplo, a mediana das estimativas de BNP Paribas, Morgan Stanley e J.P. Morgan para a variação do real ante as três moedas citadas, quem aplicar na divisa brasileira recursos financiados em dólar pode ter ganho de 4,8% no período. Se o investimento for tomado em ienes, o lucro potencial é de 4,5%, enquanto o ganho potencial com euros é mais que o dobro, de 10,5%.

Levando em conta as estimativas do Morgan Stanley, as mais conservadoras, o "carry trade" com euros é o único dentre as moedas citadas que deve gerar lucro, com um ganho mínimo de 2,6%. Já as operações com ienes e dólares podem gerar perdas potenciais de até 2%.

"O dólar e o iene estão se fortalecendo e o risco é de esse movimento persistir. Já a perspectiva para o euro é pior, por isso as chances de ganhos com carry financiado na moeda são maiores", diz o o estrategista de câmbio para mercados emergentes em Londres do Brown Brothers Harriman, Ilan Solot.

Apesar das perdas contábeis no ano, o desempenho do "carry" com reais considerando apenas o segundo trimestre dá uma ideia de que ainda há potencial de ganhos. Quem tomou dólares emprestados e aplicou em papéis lastreados em reais no começo de abril lucrou 5,6% em termos contábeis. Essa rentabilidade só é menor que a de 8,9% do rublo russo no mesmo período, considerando uma lista de dez moedas mais usadas para operações de "carry trade".

A compra de reais financiada a t juros de praticamente zero no Japão gerou ganho de 8,4% no trimestre, mas analistas acreditam que o risco de apreciação do iene e a probabilidade de mais queda do real podem minar a possibilidade de ganhos com "carry trade" patrocinado pela moeda japonesa.

Como boa parte das operações de arbitragem com taxa de juros envolve moedas não conversíveis - ou seja, não livremente transacionadas nos mercados globais -, um volume expressivo de "carry trade" é realizado por meio de Non-Deliverable Forwards (NDFs), contratos negociados no mercado de balcão no exterior com liquidação financeira em dólar.

Esses contratos possuem, de forma geral, uma rentabilidade implícita semelhante à de papéis negociados nos mercados domésticos. Segundo operadores, o NDF de três meses do real tem a maior taxa de juros embutida, de 13,1% ao ano, superior à de moedas como o rublo russo (12,7%) e muito acima do juro implícito nos NDFs dos pesos chileno (3,6%) e mexicano (2,9%), por exemplo.

Para o estrategista do Citi em Londres Luis Costa, os investidores internacionais ainda veem as operações com real como uma das mais rentáveis e a queda recente da moeda foi, em parte, um movimento de correção. "Não vejo um sentimento de fuga do real", diz.

Mesmo com os problemas que afetam a economia brasileira e a turbulência recente nos mercados internacionais, especialistas não têm notado saídas maciças desses recursos do país. O fluxo cambial negativo de junho, segundo eles, deveu-se mais a um processo de realização de lucros. Entre janeiro e abril, o Brasil recebeu US$ 14,477 bilhões na conta financeira do fluxo cambial, aquela que registra investimentos em carteira e produtivos. Em maio e junho, contudo, houve saídas de US$ 13,189 bilhões, que limitaram o saldo positivo do ano a US$ 1,288 bilhão.

"Essas saídas me parecem muito mais uma consolidação dos ganhos", afirma o economista da XP Investimentos em Nova York Daniel Cunha. "Se você pensar que a depreciação esperada para o real até o fim do ano é menor que a registrada até agora e que o Fed [Federal Reserve] pode adiar o aumento de juros, ainda podemos esperar mais fluxo para o real até dezembro."

"Não acho que haja uma saída maciça de investidores estrangeiros do Brasil, mas é natural que haja um ajuste nos fluxos", reforça o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo Abucater.

Embora não se perceba fuga de capital do Brasil, os profissionais tampouco têm percebido fluxo novo. Para eles, a combinação de deterioração da economia brasileira, sinalização de fim do ciclo de aperto monetário, escalada das preocupações com a China e expectativa de aumento de juros nos EUA - fatores azeitados por um tombo nos preços das commodities - vai jogar contra o real. Mas outras moedas de perfil semelhante à brasileira também estão expostas. Com isso, o pico de ganhos com "carry trade" com a moeda brasileira e outras divisas de juro alto pode ter ficado para trás.

Fonte:  Valor Online - Segunda feira, 13 de julho de 2015.


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