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Superávit tem sido cada vez menor nos últimos anos

A balança comercial do aço é amplamente favorável ao Brasil, mas nos últimos anos as importações crescem em um ritmo significativamente maior que as exportações. Em 2014 as siderúrgicas do país venderam ao exterior 9,78 milhões de toneladas de aço, 6,5% mais do que os embarques de 2008. No mesmo período as importações cresceram 49,7%, alcançando 3,98 milhões de toneladas. Nos cinco primeiros meses de 2015 as exportações cresceram em um ritmo forte, 41,6%, enquanto as importações foram 4,9% maiores, segundo dados do Instituto Aço Brasil.

Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do instituto, diz que não há motivos para enxergar nos dados de 2015 uma mudança de rumo consistente na rota do comércio exterior do aço brasileiro. O bom desempenho do ano, ele diz, é resultado de ações pontuais, como o religamento, em julho do ano passado, do alto-forno 3 da ArcelorMittal Tubarão, que dedica ao exterior a totalidade de sua produção de 2,5 milhões de toneladas anuais, e também a embarques realizados pela Gerdau para compensar o baixo consumo interno. No primeiro trimestre do ano foram 305 mil toneladas, volume 97% superior ao mesmo período do ano passado.

"Há um esforço grande de exportação por parte das siderúrgicas brasileiras, mas as condições objetivas de competitividade do país e a conjuntura internacional do mercado não deixam margem para otimismo", diz.

Benjamin Mario Baptista, presidente da ArcelorMittal, diz que a cotação do real, valorizada em sua opinião, é um entrave para a competitividade do aço nacional. "No último ano, o real se desvalorizou frente ao dólar. Mas o rublo russo, a lira turca, o euro e o iene japonês desvalorizaram mais. Na China o câmbio é controlado artificialmente. Esses são nossos competidores", afirma.

Outro problema para a competitividade nacional, diz Batista, é a recente decisão do governo brasileiro de alterar o Reintegra, programa que devolve ao exportador, por meio de crédito, parte do PIS/Cofins cobrado ao longo da cadeia produtiva no país. O benefício que em 2014 foi para 3% da receita obtida com a exportação, no início de 2015 foi reduzido para 1%. Com a mudança, as empresas do setor perderão créditos de US$ 160 milhões por ano. "É incoerente com a necessidade do país de gerar saldos comerciais", diz.

O cenário global desfavorável pode ser medido por um excesso de capacidade produtiva calculado em 700 milhões de toneladas de aço, decorrentes de uma capacidade de produção de 2,4 bilhões de toneladas e um consumo de 1,7 bilhão. A situação pode se agravar, uma vez que está prevista a entrada em operação até 2017 de novas siderúrgicas que adicionarão capacidades produtivas que somam 106 milhões de toneladas anuais. "É a situação mais grave já vivida na história do setor", diz Lopes.

O excesso de capacidade ociosa tem levado algumas siderúrgicas a adotar práticas predatórias de mercado. O comportamento, diz o presidente do Aço Brasil, é mais comum entre as companhias chinesas, país que soma uma capacidade ociosa de 400 milhões de toneladas. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), informa Lopes, as siderúrgicas chinesas trabalham com uma rentabilidade próxima a zero. "É quase impossível concorrer no exterior nessas condições e mesmo no Brasil há dificuldade, uma vez que o país não adota salvaguardas para preservar seu mercado", diz.

Hoje, 52% do aço importado pelo Brasil vem da China. Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), diz que as condições comerciais para a aquisição de aço chinês são favoráveis. O aço importado é comercializado no país por tradings que oferecem prazos de pagamento de 240 dias com juros entre 1,5% e 2% no período. As usinas nacionais oferecem prazos de 30 dias para a quitação da fatura, com juros de 2% a 2,5%. "Há um risco cambial nas operações com as tradings que pode ser equalizado com operações de hedge cambial".

O aço chinês também é mais barato que o nacional, segundo Loureiro, em média em 10% no mercado paulista e por volta de 22% em mercados como o de Fortaleza. "Hoje o Norte e o Nordeste do país são totalmente abastecidos por aços planos importados", diz.

A logística, afirma Loureiro, desfavorece o aço nacional, cuja produção é concentrada no Sudeste e no Sul do país. "Um frete Shanghai - Fortaleza é de US$ 55 a tonelada. Vitória - Fortaleza de caminhão custa US$ 80, de cabotagem US$ 50. Se a usina estiver em Minas ou no Rio Grande do Sul, o custo é ainda maior".

As vendas de aço importado crescem mesmo diante da queda do consumo brasileiro, que foi de 6,8% em 2014 e de 10,9% entre janeiro e maio de 2015, o que demonstra a perda de competitividade do aço nacional no país. Para Mello Lopes, não é por falta de investimentos, uma vez que as siderúrgicas nacionais aplicaram US$ 19 bilhões desde 2009 em modernização de seu parque fabril. "Do portão para dentro, nossas usinas não devem nada às melhores do mundo. Nosso problema são a carga tributária, a logística deficitária e o real valorizado", diz.

Benjamin Baptista diz que o esforço na melhoria da produtividade das usinas brasileiras da ArcelorMittal é contínuo, por meio de investimentos em inovação, equipamentos, negociação de preços de insumos e principalmente em aquisição de know-how. "Fazemos parte de um grupo global com 60 usinas. O compartilhamento de dados e experiências é constante e posso garantir que nossa usina de Tubarão (ES) é uma das mais competitivas do mundo", diz.

O consultor Ronaldo Valiño, da PWC, é mais otimista em relação ao futuro da siderurgia nacional. Ele observa que os Estados Unidos voltaram a crescer, e o país não se dedica mais a produção de aço abrindo espaço para fornecedores internacionais. Outros mercados também devem se tornar grandes consumidores, como a Índia, cujo crescimento do PIB projetado pelo Banco Mundial é de 10% ao ano na próxima década. Por outro lado, as operações siderúrgicas chinesas devem passar por uma consolidação nos próximos anos, com a desativação de usinas pouco eficientes e poluidoras.

"O Brasil é um país rico em minério de ferro e conta com siderúrgicas de padrão global. Não há notícia de empresas no setor em dificuldades financeiras. O ajuste em curso no câmbio deve resultar em uma alta competitividade das companhias do país", diz.

Fonte:  Valor Online - Segunda feira, 13 de julho de 2015.


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