As taxas dos contratos futuros de juros com prazos mais curtos encerraram perto da estabilidade na BM&F com os investidores mais cautelosos em assumir novas posições diante das incertezas em relação ao ajuste fiscal e dúvidas sobre a intensidade do aperto monetário no Brasil.
O contrato DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2016 fechou estável, a 14,04%, enquanto o DI para janeiro de 2017 avançou de 13,53% para 13,54% na BM&F.
A queda na arrecadação fiscal reforçou o ceticismo em relação ao cumprimento da meta de superávit primário de 1,1% do PIB neste ano. A arrecadação somou R$ 97,091 bilhões em junho, queda de 2,44% ante junho de 2014 e o pior resultado para o mês de 2010.
Investidores ainda acompanham com preocupação a dificuldade do governo em aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso, especialmente nesta semana em que ocorre a visita dos analistas da Moodys ao país para avaliar as contas públicas.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu ontem com o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) para avançar nas negociações para aprovar a reforma do ICMS.
Os senadores da base aliada enviaram um pedido de urgência para votação do projeto de lei que prevê a criação de dois fundos para compensar as perdas dos Estados com a reforma do ICMS, que seriam financiados com a repatriação de recursos não declarados enviados ao exterior. O projeto foi base para medida provisória publicada na segunda-feira.
A expectativa de avanço na negociação do governo para aprovação dessa medida acabou pesando sobre o dólar, que encerrou em queda frente ao real, descolado do movimento no exterior. A moeda americana caiu 0,11%, a R$ 3,1350.
O dólar chegou a ser negociado a R$ 3,1647 na máxima intradia, após o discurso da presidente do Federal reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, e a divulgação de dados melhores que o esperado da economia americana, que reforçaram as apostas de que a autoridade monetária dos EUA deve subir a taxa básica de juros ainda neste ano.
Yellen afirmou que o Fed está no caminho para aumentar a taxa referencial ainda em 2015, mas ressaltou que há muitas razões para a autoridade monetária americana considerar o ritmo gradual de alta dos juros. "A maior probabilidade é de o Fed subir a taxa básica mais para o fim do ano. Há muitas questões que trazem preocupação em relação à Europa. Além disso, os países emergentes continuam mostrando dificuldade para retomar o ritmo de crescimento com a China em desaceleração", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
Fonte: Valor Online - Quinta feira, 16 de julho de 2015.