O cenário político brasileiro pressiona o principal índice da Bolsa local nesta segunda-feira (20), impedindo o Ibovespa de acompanhar a alta dos mercados europeus diante do avanço nas negociações de resgate da economia grega.
Às 12h05 (de Brasília), o Ibovespa tinha recuo de 0,43%, a 52.117 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1 bilhão. No exterior, as Bolsas da Europa ganhavam entre 0,1% e 1%, enquanto os índices de ações nos Estados Unidos operavam perto da estabilidade.
Segundo analistas, o vencimento de opções sobre ações -quando encerra-se o prazo de contratos que apostam no valor futuro de papéis- nesta segunda-feira também pesa sobre o desempenho do Ibovespa.
Na última sessão, o índice brasileiro sentiu peso da piora no quadro político do país, na esteira do anúncio pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de seu rompimento com o governo.
Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros, tentam agora transformar a crise política em institucional, com o discurso de que o Poder Legislativo está sendo atacado pelo Judiciário e pelo Ministério Público, numa ação orquestrada pelo Executivo, segundo o jornal "Valor Econômico".
"A instabilidade é grande. O temor de uma crise institucional paira sobre as mesas de operação", disse o analista da Clear Corretora Raphael Figueredo. "O mau humor faz com que o investidor se proteja e fuja das operações de risco, como o mercado de ações."
Os papéis de estatais estão entre os destaques de baixa do pregão. A ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, da Petrobras caía 2,46% às 12h05, para R$ 11,12. Já a ordinária, com direito a voto, cedia 2,93%, a R$ 12,25.
Também estatal, a Eletrobras via sua ação preferencial ceder 1,63%, a R$ 10,28. A companhia ainda sofre com a notícia de que o escritório de advocacia global de direitos dos investidores Rosen Law Firm está preparando uma ação contra ela, na Justiça dos Estados Unidos, por perdas sofridas por acionistas.
A ação é baseada no envolvimento da estatal nas investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga casos de corrupção. A ideia é mover uma ação coletiva contra a elétrica, nos mesmos moldes do processo em andamento contra a Petrobras.
Outra queda expressiva é a da Gol, que perdia 3,47%, a R$ 6,40. A concorrente TAM anunciou nesta segunda uma redução gradual de suas operações no mercado doméstico -que será de 8% a 10%. Segundo a empresa, a decisão foi tomada diante de um cenário econômico desafiador no país.
CÂMBIO
Além de impactar negativamente a Bolsa, a piora no quadro político brasileiro também pressiona a cotação do dólar para cima nesta sessão. A moeda americana chegou a bater em R$ 3,225 mais cedo.
Às 12h05, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,74% sobre o real, cotado em R$ 3,211 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,59%, para R$ 3,213.
Nesta segunda-feira, o BC deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto -operação que equivale a uma venda futura de dólares para estender o prazo de contratos. A oferta de 6 mil papéis foi totalmente vendida por US$ 293,8 milhões. Nos primeiros leilões deste mês, haviam sido ofertados até 7,1 mil swaps.
Mantendo a oferta de até 6 mil contratos por dia até o penúltimo dia útil do mês, o BC rolará o equivalente a US$ 6,396 bilhões ao todo, ou cerca de 60% do lote total. Se continuasse com as ofertas anteriores, a rolagem seria de 70%, como a do mês anterior.
Com Valor
Fonte: Folha de S. Paulo Online - Terça feira, 21 de julho de 2015.