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Alta de 0,25 ponto na Selic tem chance um pouco maior

Figueiredo, ex-diretor do BC: "Se vier [alta de] 0,25 ponto na Selic, isso será acompanhando de um discurso muito duro, para mostrar um BC bastante cauteloso"

A redução da meta de superávit primário para este ano, de 1,1% para 0,15% do PIB, e o corte da previsão do esforço fiscal para os próximos dois anos aumentaram as incertezas sobre o ajuste fiscal e trouxeram dúvidas sobre os próximos passos do Banco Central (BC) na condução da política monetária.

Para o ex-diretor do BC e sócio da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, ainda há uma chance um pouco maior de elevação de 0,25 ponto percentual da taxa Selic na reunião do Copom desta semana. "Mas se vier 0,25 ponto, isso será acompanhando de um discurso muito duro - e é possível que haja dissenso dentro do Copom -, para mostrar um BC bastante cauteloso, apesar de ter desacelerado o ritmo de aperto monetário", afirma Figueiredo. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Valor: A revisão da meta de superávit primário altera a estratégia da política monetária do BC?

Luiz Fernando Figueiredo: É o famoso deu uma embaralhada no jogo. O que estava claro até o anúncio da meta fiscal era que havia chegado a hora de o BC reduzir o passo no aperto monetário, saindo de um aumento de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto, e ver, até a próxima reunião do Copom, se era o caso de encerrar o ciclo de alta de juros ou não. E aí o trabalho seria o de continuar com a política monetária apertada, com o juro alto pelo tempo necessário para que a convergência [da inflação para a meta] aconteça. Então, ele começaria o ciclo de redução de juros. Esse era o cenário até a mudança da meta fiscal. Agora, há dois aspectos a serem considerados. No modelo do BC, ele tem de considerar uma premissa de superávit primário que se reduziu. Então, uma meta de superávit primário, que poderia ser mais contracionista, agora, na margem, vai ser menos do que ele tinha colocado. Por outro lado, isso gerou uma incerteza grande no mercado. O câmbio subiu, a curva de juros abriu e não sabemos qual o saldo dessa história. Agora, essa mudança será relevante o suficiente para o BC mudar de planos ou não? Não se sabe. Na minha visão pessoal, a alta de 0,25 ponto da taxa Selic tem uma chance um pouco maior que um aumento de 0,50 ponto. Mas se vier 0,25 ponto, isso será acompanhando de um discurso muito duro - e é possível que haja dissenso dentro do Copom -, para mostrar um BC bastante cauteloso, apesar de ter desacelerado o ritmo de aperto monetário.

Valor: As declarações do diretor de política econômica, Luiz Awazu Pereira, na sexta-feira representam uma mudança de discurso do BC em relação às sinalizações dadas ao mercado até então?

Figueiredo: O Luiz Pereira disse uma frase que foi considerada muito dura de que "eventos recentes mostram que há novos riscos para o resultado inflacionário de 2016 que podem afetar horizontes de longo prazo", que pode ser uma opinião dele ou do BC como um todo. Em geral, as comunicações dos diretores do BC espelham a visão da autoridade monetária e não de um membro. Então, se era muito provável uma alta de 0,25 ponto, agora isso ficou menos provável. Mas não sabemos se representa uma mudança de discurso do BC. Pela questão do período de silêncio que antecede a reunião do Copom, o BC não pode dizer nada. Os diretores do BC tinham um discurso muito tranquilo, com o Luiz Pereira um pouco mais duro e o Tony Volpon [diretor de assuntos internacionais] um pouco menos duro, mas os discursos estavam na mesma linha, com as mesmas preocupações. Mas teve um fato novo. Agora se isso vai ser suficiente para o BC mudar a estratégia dele, é difícil dizer. Do ponto de vista de credibilidade do BC, caso ele venha com 0,25 ponto, mas tenha um discurso muito duro, acho que ele não perde credibilidade.

Valor: A indicação de um esforço fiscal menor do governo e a recente alta do dólar frente ao real podem prejudicar a convergência das expectativas de inflação para a meta?

Figueiredo: Pode atrapalhar, mas isso acabou de acontecer. É o tipo de coisa que você não tem informação suficiente para tirar uma conclusão mais definitiva. Provavelmente, se havia uma queda contratada [esperada] das expectativas ela, no mínimo, vai arrefecer. Se isso vai virar em outra direção, vai depender do que o BC vai fazer, de qual será o discurso dele.

Valor: A revisão da meta fiscal aumentou as chances de a Moodys rebaixar a nota do Brasil e manter a perspectiva negativa?

Figueiredo: Aumentou bem essa probabilidade. Um downgrade [rebaixamento] pela Moodys e pela Fitch Ratings era uma coisa que iria acontecer de qualquer forma. A questão é se vai ficar com perspectiva negativa ou não. Se a chance era minoritária, agora não sei dizer. Mas não acredito que o Brasil vai perder o grau de investimento agora.

Valor: Com a escalada recente do dólar, o BC pode aumentar a rolagem dos contratos de swap cambial que estão vencendo?

Figueiredo: Eu não acho provável. A não ser que você tenha esse movimento muito forte continuando nas próximas semanas. Mas até agora ele não mudou nada. Mas não é isso que vai mudar a trajetória do câmbio. Na minha visão, não é nem essa a intenção do Banco Central. Ele pode atenuar o movimento, buscando reduzir a volatilidade, mas não vejo o BC tendo atitude de tentar ir contra um processo como esse.

Valor: Os números recentes do IPCA mostraram alguma desaceleração da inflação. Esse processo deve continuar?

Figueiredo: Acho que está contratada uma desaceleração bem razoável da inflação corrente nos próximos meses, porque a contração da atividade está muito forte. Então, é bem razoável que o mercado, no final, acabe se surpreendendo com uma inflação mais baixa. A maior incerteza, por um lado, aumenta a taxa de câmbio, mas por outro reduz a demanda e a atividade. Estamos esperando uma alta de 9,2% do IPCA neste ano e entre 5,20% e 5,30% no ano que vem. Mas acho que tem uma probabilidade de estarmos errados e a inflação acabar sendo mais baixa do que isso, se a atividade for mais fraca do que a esperada. A nossa projeção é de uma retração de 2,2% do PIB neste ano e uma queda de 0,2% no ano que vem.

Valor: A tensão no cenário político tem aumentado, com o retorno da discussão sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Esse risco já está contemplado nos preços dos ativos?

Figueiredo: É difícil dizer, alguma probabilidade provavelmente está. Claro que a chance de impeachment aumentou, porém, ainda é pequena e é um processo muito longo, se que é ele vai chegar ao cabo. Agosto promete ser um período muito difícil. Mas a gente vai ter de esperar um pouco para ver. Está acontecendo muita coisa ao mesmo tempo e é preciso ter um pouco de calma antes de ser muito pessimistas ou achar que tudo pode acontecer.

Fonte:  Valor Online Fonte:  DCI - Segunda feira, 27 de julho de 2015.


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