O cenário brasileiro econômico atual, marcado por instabilidade política, volatilidade do dólar, crescimento do desemprego, inflação em alta e que, juntos, compõem uma conjuntura pessimista pouca vezes presenciada na última década, faz com que as organizações busquem mecanismos para se equilibrar nessa incerteza, manter seus talentos e ainda assegurar a sustentabilidade do negócio.
No centro deste debate está o gestor. Afinal, é ele quem precisa entregar resultados em um ambiente movediço e com controle espartano de despesa. Fácil? De forma alguma. Asseguro, no entanto, que a solução não exige budget e sim atitude! É possível produzir resultados surpreendentes na adversidade. Agir e pensar como donos faz com que o gestor supere suas metas e inspire o time. Isso tudo é accountability pessoal, que pode ser entendido como a virtude moral do "ir além" do previsto na descrição do cargo. Muitos empresários e líderes operam muito bem nesse modo, mas poucos se mantêm agindo na mesma intensidade em momentos difíceis. A questão é que, nesses períodos mais desafiadores, boa parte da alta liderança recua, permitindo que o medo e a incerteza contaminem seus processos de decisão. É nesse instante que surge aquilo que refuto como a grande doença do ambiente de negócios: o desculpability, que é o contrário do accountability.
Trata-se da habilidade de afastar de si a responsabilidade, culpando os outros ou tudo aquilo que está à sua volta. Accountability não é inato. Pode, deve e precisa ser ensinado. E se não for praticado, é facilmente esquecido.
Empresas que conseguiram incorporar elementos de accountability na sua cultura vão sofrer menos e sairão mais cedo da crise. Não estou sozinho nesta crença. Segundo estudo global da McKinsey & Company, accountability é uma das nove dimensões da saúde organizacional.
19/10/2015 - Fonte: DCI