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BC debate como conter a inflação em 2016

O Banco Central paga o preço em sua credibilidade por adiar para 2017 o cumprimento da meta de inflação. Será preciso estabelecer uma data precisa e mais breve possível, dentro de 2017, em que o BC se comprometerá a entregar a inflação em 4,5%. Se possível, adotando um caminho que implique passar necessariamente em algum ponto abaixo de 6,5% em 2016. E o BC deve estar pronto para agir para cumprir esse compromisso, com a mesma determinação usada neste inicio de ano.

Essa é a visão expressa pelo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, em um discurso recente em Nova York. Como o texto, publicado pelo BC, diz que o pronunciamento foi em caráter pessoal, não se pode tomá-lo como a opinião do Comitê de Política Monetária (Copom). De qualquer forma, é o primeiro reconhecimento de um membro do colegiado de que a credibilidade do BC está em questão e que será preciso agir para repará-la.

Até julho, o BC tinha uma estratégia que, no seu entendimento, levaria a inflação à meta em 2016, ancoraria as expectativas do mercado e permitirá cortar os juros no ano que vem. Com a confusão fiscal, ela foi por água abaixo.

Volpon propõe cumprir meta antes do fim de 2017

Na sua mais recente reunião, de outubro, o Copom decidiu empurrar a convergência da inflação à meta para 2017. Se fosse manter a ferro e fogo o objetivo de colocar a inflação na meta em 2016, a recessão teria que ser brutal. O regime de metas de inflação é chamado, por muitos, de regime flexível de metas de inflação justamente porque permite acomodar choques de oferta, levando em conta não apenas a inflação, mas também a atividade econômica.

Os banqueiros centrais fazem cálculos matemáticos para achar a chamada estratégia ótima, ponderando perdas que a economia sofre com a inflação alta, a recessão e a mexida nos juros. Em geral, a economia sempre perde, pagando um preço em cada um desses componentes.

Mas um especialista que já viveu experiência semelhante dentro do BC pontua que "para usufruir da flexibilidade, o BC precisa ter credibilidade". O mercado sempre desconfia que o BC, sorrateiramente, vá suavizar na recessão e deixar a inflação em segundo plano. Ajuda pouco o fato de que, desde que assumiu, em 2011, o presidente do BC, Alexandre Tombini, descumpriu seguidas vezes a promessa de cumprir a meta dois anos à frente. Além disso, com a inflação rodando em 10%, fica mais difícil acreditar no BC.

O dano à credibilidade se tornou maior porque a mudança na estratégia não foi comunicada da melhor forma, opina o especialista. A nota da reunião do Copom de outubro dizia que o BC iria buscar a "convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária", um alvo visto por muitos como vago e móvel. Na semana passada, o diretor de Política Econômica do BC, Altamir Lopes, foi mais explícito em indicar os objetivos: inflação na meta em 2017 e, para 2016, buscar a inflação o mais perto possível de 4,5% e não ultrapassar 6,5%.

A questão, diz o mesmo especialista, é que se comprometer com evitar o estouro do teto da meta é quase nada. O mercado entende que a meta é 6,5% e, como o alvo já está no limite, qualquer novo choque estourará o teto. Assim, os analistas são empurrados a projetar inflação ainda maior, de 7%, 8% ou mais. O mapa da distribuição das expectativas de inflação mostra que quase metade dos analistas prevê inflação maior do que 6,5%.

Volpon reconhece, em seu discurso, que a reorientação da estratégia "não é sem custos para a credibilidade da instituição" e coloca alguns caminhos para reparar isso. Uma nota de rodapé cita como princípio, e não como proposta concreta, o BC mirar uma inflação menor que a meta mais adiante para compensar o soluço de 2016 - aplicando uma teoria do economista Michael Woodford, da Universidade de Columbia, chamada "política monetária dependente da história".

De forma prática, Volpon propõe que o BC "trabalhe para assegurar a convergência da inflação para a meta o mais rápido possível dentro do horizonte de política monetária". Ou seja, se for possível, fazê-lo antes do fim de 2017. Também defendeu que o BC diga ao mercado exatamente em que momento de 2017 a meta será cumprida.

Se o alvo, por exemplo, for no começo de 2017, isso significa que, para chegar lá, a inflação terá que estar em algum ponto abaixo do teto em 2016. Os analistas seriam, dessa forma, capazes de calcular a meta implicitamente perseguida pelo BC para 2016.

Mirar a meta antes do fim de 2017 traria vantagens em relação a uma meta ajustada porque, além de oferecer um referencial para 2016, seria dada uma ênfase para os 4,5% que o BC quer como resultado final. Também amplia um pouco mais o horizonte em que as decisões de política monetária podem trabalhar para trazer a inflação à meta. O fim de 2016 ficará em breve menos relevante para a política de juro.

Definir alvo dentro de 2017 com precisão, porém, seria apenas uma parte do trabalho. Volpon diz, no texto, que o Copom terá que estar pronto para agir, ou seja, fazer o que for necessário, com a mesma determinação do início do ano.

E por que o Banco Central está levando tanto tempo para definir o alvo e para agir? Volpon indica que é preciso primeiro saber o impacto de medidas como a alta da Cide para saber qual meta seria factível e crível para 2016. É a primeira vez que alguém no BC diz que espera o fiscal antes de definir o plano de ação.

Muitos analistas dizem que, enquanto o BC deixa de agir, as expectativas voam cada vez mais alto. O ideal seria o BC tomar a decisão com a melhor informação disponível. Tem gente que acha que o BC deveria aumentar os juros agora, tem gente que acha que o BC não deveria aumentar. O BC diz que o fiscal, e não o monetário, turva as expectativas.

Mas o BC não estaria apenas olhando a situação de braços cruzados. Altamir Lopes indicou os limites do BC. Os técnicos do BC apresentam aos membros do Copom, em cada reunião, os riscos de a inflação estourar o teto da meta em 2016 e de não cumprir a meta em 2017. Se esses riscos atingirem um patamar excessivo, os juros devem subir.

13/11/2015 - Fonte:  Valor Online 


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