RIO - Um eventual casamento entre Bayer e Monsanto seria marcado pela complementariedade de negócios. Uniria a força da empresa alemã em defensivos agrícolas e a expertise da americana em produção de sementes, o que reduziria entraves à aprovação do acordo por órgãos reguladores da concorrência no Brasil e no mundo, avaliam especialistas.
Juntas, subiriam ao posto de líder global, e também no Brasil, considerado um mercado-chave do agronegócio em todo o mundo. A Monsanto tem o país como seu segundo maior mercado, atrás apenas dos EUA. No caso da Bayer, o Brasil figura na quarta posição no resultado total. Quando o corte é pelo setor de agroquímicos, sobe para a segunda, também após os EUA. Em 2015, a Bayer totalizou R$ 10,17 bilhões em vendas no Brasil, 26% mais que no ano anterior. Deste total, 73% vieram de agroquímicos.
José Carlos Hausknecht, diretor da MB Agro, destaca que a proposta segue tendência de consolidação no setor:
— A Monsanto fez uma oferta pela Syngenta, que acabou vendida à ChemChina este ano. Na sequência, veio a oferta da Bayer pela Monsanto. Houve Dow Chemical e DuPont. O agronegócio tem boa perspectiva em negócios.
TRANSGÊNICOS SÃO POLÊMICOS
A ponte para as consolidações nesse setor veio da engenharia genética. A Monsanto, lembra ele, carrega o passivo de ter sido pioneira em sementes geneticamente modificadas, tendo sido alvo de questionamentos.
Paulo Furquim, do Insper, também destaca a complementariedade de negócios:
— Isso pode evitar que a aprovação dependa da venda de divisões ou patentes. E, juntas, têm capacidade de inovar maior e de forma complementar, com pacotes de biotecnologia para a produção agrícola.
Fonte: Extra 24.05.16