Desde janeiro, a taxa de desemprego no país tem crescido gradualmente. Por isso, os analistas começaram a se perguntar: será que o Banco Central terá autonomia suficiente para manter, intacta, a política de aumento da taxa básica de juros (Selic) a fim de conter a inflação, caso o mercado de trabalho dê sinais de fadiga? É visível, segundo os analistas, a submissão do BC aos interesses políticos do Palácio do Planalto.
Nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic) passou de 7,25% para 8% ao ano, numa clara tentativa de conter a disseminação dos reajustes e de recuperar parte da credibilidade perdida. "O BC não tem alternativa. Mesmo que o ritmo de emprego diminua, a instituição deverá se manter baseada em critérios técnicos. Influenciado por política eleitoral, a economia não vai a lugar algum", disse o professor José Carlos Oliveira, da Universidade de Brasília (UnB).
Os especialistas reconhecem que a situação do BC é complicada. Ao aumentar a Selic, ajuda a conter a disparada dos preços, mas esse aperto inibe o já fraco crescimento da economia e estimula o desemprego. "O problema é que o governo deixou a política fiscal à deriva, e o BC acabou ficando sozinho. O país vive uma crise econômica e só tem uma perna funcionando", comentou Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor da autoridade monetária.
Na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, não há com o que se preocupar. Segundo ele, o custo de vida "está sob controle" e desacelerando a cada mês. "Está havendo uma substituição de resultados maiores por índices menores. Então, até o meio do ano, a inflação será menor", afirmou ele, assegurando que os preços dos alimentos "caíram", apesar de os consumidores não terem visto esse recuo. Ele admitiu que há possibilidade de a carestia ganhar novo fôlego se o dólar continuar em disparada. "Mas estaremos atentos e tomando todas as medidas necessárias para que a inflação permaneça sob controle, como ela está", completou.
Fonte: Correio Braziliense - 20/06/2013