A carga tributária continua a ser o principal problema para o custo da energia para a indústria, mas aos poucos o setor começa a ser afetado pelo encarecimento da geração. Medidas pontuais, como a redução da tarifa no início deste ano, não foram capazes de suavizar as contas de quem depende de eletricidade para produzir.

"O estado crítico do custo de energia levou o governo a tomar medidas e reduzir os preços para alguns setores", diz Armando Guedes, presidente da comissão de Energia da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). "A indústria acha que não é suficiente." O problema, diz Guedes, está na excessiva tributação. Segundo estudos da Firjan, em alguns Estados a carga de impostos ultrapassa 40% do custo. No Rio, o peso do ICMS, do PIS e da Cofins representa carga tributária de 31,5%, segundo a Firjan.

"O tributo é um dos problemas", afirma Ricardo Savoia, diretor de regulação e tarifas da consultoria Thymos Energia. Segundo ele, "é uma tributação similar à de armas de fogo e cosméticos" em um segmento que deveria ser tratado como essencial. Mas uma mudança nesse cenário só viria com um reforma tributária, diz João Carlos Mello, presidente da Thymos.

Medidas como o corte médio de 20% nas tarifas no início do ano surtiram efeito limitado para toda a sociedade e mais ainda para a indústria. Como a maior parte das grandes indústrias está no mercado livre, o setor pouco se beneficiou com o corte, que ficou em no máximo 10% de redução, metade do mercado regulado.

O impacto é pouco significativo para as indústrias eletrointensivas, nas quais a energia pode representar até 60% do custo total, diz Camila Schoti, coordenadora de Energia Elétrica da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).